sábado, 11 de maio de 2013

Apegou!


Pegou?
        Anh?
Ela.
      Quem?
Ela. Pegou?
        Ah, peguei.
                Apeguei!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Ah, o tempo!


Eu nunca me apeguei ao tempo. As pessoas se surpreendem quando digo que estou com ela há mais de um ano, acho que ela mesma.

- É muito tempo, Jadí.

Pra mim, não. Pra mim, não é muito nem pouco tempo, é o tempo de ser feliz, e, enquanto formos felizes, quero que esse tempo se estique. Aí pode ser por mais 1 ano ou por 2, talvez 5, não reclamo se forem 10 e seria maravilhoso se fosse pela vida inteira.

É isso, minha medida de tempo é a felicidade.

- É muito tempo, Jadí.

-É muita felicidade, minha gente. O tempo é só uma convenção social!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012


Você me olhava. Você achava que eu não percebia, mas você me olhava sempre e eu sempre me rendia a surpresa de ter uma espécie de Creusa (personagem de Juliana Paes em América) fazendo charme pra mim. Toda recatada, mas eu sabia que, no seu mais íntimo, você era a personificação do desejo carnal que todos temos. A farsa montada por suas saias compridas e blusas discretas era desfeita toda vez que você, com medo de ser percebida, fingia olhar para o horizonte, quando na verdade fitava meus olhos.
Eu era seduzido não por suas curvas ou pelos longos cabelos negros que serviam de moldura para belo rosto feminino e moreno, e sim por estar sendo descaradamente aliciado por alguém acima de qualquer suspeita. Nunca retribui seus olhares, mas sempre fiquei intrigado com o porquê disso. Não, eu não sou do tipo que atende aos padrões estéticos tampouco seguia as diretrizes da sua religião, mas mesmo assim você insistia em me perseguir com os olhos de uma forma tão convidativa que só resisti porque, realmente, não sou do tipo femeeiro.
Pois bem, você sumiu de minha rotina e eu vagamente lembrava de você. Agora você resolve reaparecer casada com ele, um dos caras mais bacanas que eu conheço, e pior, vem ser minha vizinha. Eu até tento esquecer, mas não me sai da cabeça o fato que você era noiva dele e me olhava daquele jeito. O que me resta? Ignorar-lhe, dar-lhe a atenção que a sua insignificância, para mim, exige. Não sou um paladino da moral e dos bons costumes, mas não admito enganações, mentiras. Ainda mais assim em dose dupla, afinal você enganou a ele e enganou a si mesma acreditando que podia conter seus desejos com anáguas e decotes pouco convidativos.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O bolo de chocolate


Ainda não conheço uma criança que não goste de bolo de chocolate. A maciez da massa coberta pela calda negra é uma combinação quase irresistível. E foi nesse manjar que o menino passou a tarde daquele domingo ensolarado de junho pensando. Fazia planos de saborear aquela guloseima, pedaço por pedaço, com o primo, mas só depois do ‘baba’. Mas aquele bolo nunca seria tocado. A amargura da morte se sobreporia à doçura do chocolate.

A notícia chegou de forma inesperada. O dia tinha sido tranqüilo. Era mais um domingo para o menino brincar com o primo que, religiosamente, o visitava aos finais de semana. O que eles fizeram pela manhã, eu não me lembro – acho que as recordações das horas que antecederam a desagradável surpresa marcaram mais do que quaisquer outras memórias daquele dia. Já à tarde, foram à casa de um amigo, mas demoraram pouco. Resolveram conversar. E conversaram, conversaram muito e nem mesmo as discussões comuns entre meninos naquela idade – 10 e 12 anos – surgiram.

Naquele dia eles pareciam sentir que precisariam um do outro para muito mais do que só ludibriar as mães para poderem ir tomar banho de rio. Dessa vez a tentativa seria de auto-engano. E foi assim quando receberam a notícia. Entreolharam-se e não acreditaram no que ouviram. Correram para casa, precisavam se certificar daquilo. Aquele percurso de 500 metros entre o campo de futebol e a casa, foi multiplicado pelo peso da notícia. Uma overdose de sentimentos e pensamentos permeou a cabeça do menino e do primo. Não podia ser verdade.

Era verdade. O herói tinha chegado ao fim da saga. O avô dos meninos estava morto, vítima de um infarto fulminante. E aquele domingo que tinha começado com a doce vontade de um bolo de chocolate, terminava na amargura da perda. Esse choque provocou profundas mudanças no menino e no primo. Eles agora alimentavam uma admiração mútua que nunca existira. Cinco dias depois, quando a agonia da morte deixava espaço para a lembrança da presença, era hora de jogar o bolo fora. Um gesto simples, mas que representava uma transformação sem precedentes na vida dos garotos: a vida perdera um pouco do sabor doce da infância.

sábado, 7 de abril de 2012

Outro dia, eu conversava com uma colega de faculdade e ela me dizia algo que já ouvi inúmeras vezes: tudo no começo são flores. Quantas vezes você não já ouviu isso? Se nenhuma, você nunca esteve apaixonado (haha).

É incrível como sempre encontramos pessoas que insistem em querer nos desestimular quando estamos nessa condição que beira a insanidade. Sim, insanidade, porque loucura sem paixão pode até existir, mas o contrário é impensável. “Não acredite no que eles dizem. Perceba o medo de amar”, canta Vanessa da Mata em uma das letras mais singelas e simples da música brasileira. É por aí! Não acredite.

No começo tudo são flores mesmo. As borboletas pululam nos estômagos quando cogitamos a possibilidade de ver a outra pessoa, as conversas se multiplicam de forma irracional (assuntos não faltam) e se dão de todas as formas: pessoalmente, pela internet, por telefone e até por SMS. Ah, SMS’s que causam furor e provocam ansiedade quando não vêm. Fico agora a imaginar como eram os relacionamentos dependentes dos serviços de correio. Mágicos!

Mas, voltando à constatação da minha colega, se sabemos que no início tudo é lindo, por que não aproveitamos ao máximo esse momento? Por que não vivermos isso com intensidade e sem projeções? Amanhã a magia diminui, ou acaba, e nós podemos ficar com a sensação de que poderíamos ter feito mais, ter vivido mais. “Que seja eterno enquanto dure”, disse o poeta; e se ele me permite acrescento: “que seja bom, enquanto for eterno”.

Quanto tempo vai durar? Como saber?! As explicações para o presente não estão no hoje. Ou estiveram no ontem ou só se farão no amanhã. Às vezes dura pouco, às vezes muito. Cabe-nos aproveitar enquanto exista, enquanto for bom. Ah, e bom nada tem a ver com alegria constante. Parece ladainha de padre casamenteiro, mas a tristeza faz tão bem a um relacionamento quanto a alegria. É na agonia que se perceberá a capacidade de um cuidar do outro. Ninguém tem obrigação de aguentar outra pessoa em infortúnio, no entanto, quando há sentimento, essa não é uma obrigação e sim uma necessidade.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Que que eu quero?!?

Porra! Por que eu nunca escolho o caminho mais fácil? Não, não tô falando do crime, até porque o cara precisa ser muito macho para viver sob a pressão constante que esse tipo de atividade impõe. Tô falando das escolhas corriqueiras, que a gente faz no dia-a-dia, mas que se refletem no ser até seu último suspiro. Seria tão fácil se eu me contentasse com pouco. Felicidade pouca, amor pouco, vida pouca... Mas não, eu sempre tenho que complicar minha existência (isso aos olhos dos outros).

Por que você não casa e se aquieta? Por que você ainda não tem um filho? Se contente com o emprego que você tem! Se contente com o que é. Já perdi as contas de quantas vezes ouvi essas coisas, talvez não ditas dessa forma, com essas palavras. E como explicar que eu nunca vou me contentar com o que tenho? É o meu natural! Eu posso me contentar por um, dois, dez anos, mas não é do meu feitio tomar a vida por encerrada quando ela ainda tá no começo. E quando esse começo vai terminar? Prefiro que nunca, quero morrer esperando mais.

Será que isso tem a ver com o “Ouro de Tolo” de Raul? Nossa! Sou influenciável, então. Que bom que fui influenciado por isso, por ele. Já pensou se a influência para minha vida viesse de qualquer música brega que me manda sentar num bar e tentar me matar afogado em álcool. “Eu quero sempre mais”, mas sem me fazer escravo dessas vontades. Não tô falando de dinheiro, de carros ou qualquer outra coisa material. (Quanto a materialidade, eu quero apenas uma vida confortável). Tô falando de sentimentos, de amores, de amizades, de conquistas simbólicas, de vida. Eu quero sempre mais vida. Eu quero transcender esse significado de sucesso comum a quase todos os seres. Quero que meu sucesso seja mais que um bom emprego com um ótimo salário e uma linda família de fachada. Quero que meu sucesso seja um ótimo emprego, com um bom salário e uma linda família de verdade.

Nem sei se vou conseguir isso ou aquilo, mas, independente do que eu conquiste, eu quero poder me perguntar e daí? “Eu tenho uma porção de coisas grandes para conquistar, eu não posso ficar aí parado”!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O desafio de viver até morrer

É, não é fácil viver! Ontem eu achei que hoje saberia alguma coisa. Sei muito mais que ontem, mas desaprendi tanta coisa nas últimas 24h, nos últimos 21 anos. Acho que esse é o processo natural das coisas. Será que hoje sou melhor que ontem? Será que ontem eu era eu e hoje não sei quem sou? Ou hoje eu sou mais eu? Não tenho respostas para tantas perguntas. E que bom que é assim! No dias em que eu não me perguntar mais nada ou tiver respostas para todas as minhas dúvidas, é a hora de partir rumo ao desconhecido novamente. Talvez esse seja o grande fascínio da morte.